Pesquisadores da Coppe/UFRJ, Marinha do Brasil e Universidade de Bordeaux, na França, publicam estudo em que afirmam que o tão esperado pico da pandemia de Covid-19 acontece nesta semana no Brasil. O estudo leva em consideração um modelo matemático desenvolvido pelos pesquisadores e, também de acordo com eles, o número de registros deve começar a estabilizar somente no fim de julho, quando o país alcançar um patamar de 370 mil infectados. O número pode quase triplicar, chegando a um milhão de casos, se levados em conta os casos não reportados.
A projeção considera como base o quadro atual de isolamento social, medidas de higiene e capacidade de testagem. Assim, se nada mudar no cenário atual, o auge da pandemia acontece no Brasil daqui a mais ou menos um mês. Contudo, os pesquisadores exaltam que as medidas de distanciamento devem ser relaxadas daqui para frente e o número de testes realizados aumente, empurrando um pouco para frente a estabilização da doença. Com isso, o número de casos da infecção pode aumentar ainda mais.
O estudo não retrata o número de mortes. Atualmente, a taxa de letalidade no Brasil está em 6,7%. Se mantida, seriam pelo menos 25 mil mortes até o fim de julho. Mas o estudo sofre influência de diferentes variáveis. O número oficial de casos, por exemplo, requer informações sobre a quantidade de testes disponíveis e pode alterar de acordo com as medidas de isolamento adotadas.
Daqui para frente, a tendência é que o número aumente por causa de dois fatores: aumento da testagem humana e o afrouxamento das regras de isolamento social. Ambos fazem crescer as notificações de casos, em primeira instância. Esse movimento foi observado no Brasil após a Páscoa, quando a quarentena começou a ser relaxada no país. Os números oficiais começaram a aumentar exponencialmente após o relaxamento das regras de isolamento e da ampliação da abrangência da testagem.
O estudo foi feito especialmente para o jornal O Estado de São Paulo.