PANDEMIA EM EXPANSÃO EM 90% DOS MUNICÍPIOS MINEIROS
Ao todo, são 64.035 pessoas infectadas pela doença em todo o Estado e 1.355 óbitos, aponta novo balanço da Secretaria de Estado de Saúde; doença já chegou a quase 90% dos municípios mineiros
Por LUCAS MORAIS
08/07/20 – 10h25


Em mais um dia tristes marcas de casos e óbitos provocados pelo coronavírus, Minas Gerais confirmou 3.138 novos registros da doença e 73 mortes nas últimas 24 horas. Conforme balanço do divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) na manhã desta quarta-feira (8), o total de casos chegou a 64.035, com 1.355 óbitos – 40.731 pessoas já se recuperaram da Covid-19 e outras 21.949 são acompanhadas pelas equipes de saúde.

Os dados apontaram ainda que 75% das mortes ocorreram entre infectados com mais de 60 anos, sendo a maioria com comorbidades como doença cardiovascular (474 pessoas), hipertensão (449) e diabetes (395). Em Minas Gerais, 282 municípios registraram óbitos pela Covid-19 e a taxa de letalidade é de 2,1%. Já em relação aos casos confirmados, a média de idade é de 42 anos.
Desde o início da pandemia no Estado, em março, 7.245 pessoas precisaram de internação na rede pública ou privada por complicações da doença. Outras 56.790 ficaram em isolamento domiciliar. Na rede pública, ainda foram realizados 47.963 testes da Covid-19, com 9.392 positivos e 35.689 negativos – quase quatro em cada dez apontaram a doença. Ainda seguem em análise 2.223 exames.
O número de hospitalizações por síndrome respiratória aguda grave, que inclui doenças como pneumonia, coronavírus e gripes, chegou a 26.441 no Estado, uma alta de 928% na comparação com o mesmo período do ano passado. Só na última semana, foram 944 casos de pacientes nos hospitais mineiros.
Doença em quase 90% dos municípios
Os casos de coronavírus já foram confirmados em quase 90% dos municípios do Estado. De acordo com a SES, 743 cidades tiveram registros. Com 8.574 confirmações, Belo Horizonte continua liderando o número de confirmações, seguida por Uberlândia, no Triângulo Mineiro, com 7.939, e Ipatinga, no Vale do Aço, que alcançou 2.944 casos.
Já em relação aos óbitos, também lidera a capital mineira, com 200 mortes pela Covid-19, seguida por Uberlândia, com 129, e Juiz de Fora, com 60.
SEIS MESES DO CASO
Backer: Justiça rejeita quebra do sigilo bancário dos sócios e empresas do grupo
Pedido foi realizado pelo MPMG para identificar possíveis manobras de ocultação do patrimônio; decisão justifica que medida não é cabível na área criminal
Por LUCAS MORAIS

Após uma decisão judicial reduzir do bloqueio de bens da Backer de R$ 50 milhões para R$ 5 milhões na última semana, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) rejeitou na terça-feira (7) a quebra do sigilo bancário dos sócios e das empresas que fazem parte do mesmo grupo da cervejaria.
O pedido foi realizado no dia 18 de junho pela Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), para investigar suspeitas de ocultação e dilapidação do patrimônio dos responsáveis pela empresa e de todo o grupo econômico. Os bens podem ser usados na reparação das vítimas intoxicadas pelo dietilenoglicol – ao todo, foram 29, sendo que oito morreram.
“O MPMG já recebeu o inquérito policial, com o indiciamento de sócios-proprietários da cervejaria e dos responsáveis pela manutenção do empreendimento”, enfatizou o órgão em nota. Já a Justiça alegou, conforme o MPMG, que o pedido não é cabível na área criminal, uma vez que há medidas que devem ser tomadas na esfera cível para apurar eventuais ocultações de patrimônio do grupo empresarial, ação que já estaria em curso.
Caso completa seis meses
As investigações da contaminação das cervejas da Backer pelo dietilenoglicol, substância tóxica usada no resfriamento durante o processo de produção, completaram seis meses. Além dos 29 casos de intoxicação, outros 30 seguem em análise. Em junho, a Polícia Civil concluiu um inquérito de mais de 4.000 páginas, encaminhado para o MPMG, que apontou erro grosseiro nos tanques da empresa.
Um funcionário sem a qualificação necessária para a função repunha o dietilenoglicol na estrutura por acreditar que o material estava evaporando. Porém, uma perícia comprovou que o líquido vazava para dentro do tanque por conta de um furo causado por uma sonda, o que contaminava as cervejas.
Em cada produto da marca contaminado, havia cerca de seis milímetros de dietilenoglicol, mais que o dobro da dose considerada fatal. Ao todo, 11 pessoas, entre sócios e funcionários da empresa, foram indiciados pela corporação por crimes como lesão corporal, contaminação de produto alimentício e homicídio. Agora, cabe ao Ministério Público decidir ou não formalizar as denúncias na Justiça contra o grupo.
Redução do bloqueio
Um dia antes de se aposentar, o desembargador Luciano Pinto reduziu, na semana passada, o bloqueio de bens da Backer de R$ 50 milhões para R$ 5 milhões – o recurso poderia ser usado para a indenização das vítimas, custeio dos tratamentos médicos e o dano moral coletivo causado pela cervejaria. A defesa das famílias já entrou com um recurso no TJMG para reverter a decisão.
Procurado, o órgão ainda não se manifestou sobre a ação.
